terça-feira, 9 de julho de 2013

Rio in Douro

Partindo da constatação das inúmeras dificuldades sentidas pela grande maioria dos jovens diocesanos em poderem participar nas Jornadas Mundiais da Juventude – Rio 2013, a Pastoral Juvenil na Diocese do Porto (através do seu Secretariado Diocesano e diversos Movimentos Juvenis) propõe esta forma alternativa de “viver” e “celebrar” essas mesmas Jornadas na nossa cidade e neste “nosso” Rio.
Assim, o Rio in Douro pretende ser um “mega encontro” dos jovens da Diocese do Porto (e/ou de outras Dioceses que nos queiram fazer companhia), pertencentes quer às suas paróquias, quer aos movimentos juvenis nela presentes, nas suas mais pluriformes estruturas e concretizações, que queiram viver e experimentar, em clima de festa, de alegria, de oração e de partilha, o “espírito” das Jornadas Mundiais da Juventude.

Porque se trata de um “mega encontro” para o qual estamos a contar com a presença de milhares de jovens, o Comité partiu à descoberta de locais que pudessem acolher, nas melhores condições possíveis (de acessibilidade, centralidade, etc…) os participantes, tendo a escolha recaído sobre o Cabedelo da Foz do Douro (em Canidelo, Vila Nova de Gaia).
Trata-se de um local muito aprazível, com óptimos acessos (carro, comboio, autocarro, metro…) e muito conhecido da gente jovem, pois é também o espaço escolhido, nos últimos anos, para a realização de festivais de verão.

Do programa deste Rio in Douro fazem parte vários momentos que tentam, a seu modo e em conjunto, criar o ambiente vivido nas Jornadas Mundiais da Juventude.
A chegada dos participantes está prevista para o dia 27 de manhã, em quatro pontos diferentes, de onde partirão, em caminhada, para o recinto. Aí chegados e depois de serem devidamente acolhidos em ambiente de grande festa, haverá muito(s) tempo(s) e espaço(s), durante a tarde e noite de sábado e manhã de domingo, para vários workshops (formativos uns, lúdicos outros), momentos de oração (nos quais se incluem uma oração na praia, uma Vigília com ligação directa ao Rio de Janeiro e a Eucaristia de Encerramento/envio) concertos, catequeses com os Bispos, alimentação, etc., tudo isto num forte ambiente de festa, de convívio, de alegria e de fé.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

"Segue-me"


"Gosto de lembrar que o primeiro nome dado aos discípulos de Jesus, segundo nos conta os Actos dos Apóstolos, foi: "os do Caminho". E só em Antioquia recebemos o nome de "cristãos". Aquele primeiro nome continua a evocar esta realidade de movimento e procura, de "andar com" Jesus e com outros, de seguir Alguém que se chamou a si mesmo "O caminho", que importa nunca perder na identidade cristã. Se o nosso povo diz, com sabedoria, que "parar é morrer", sabemos que todas as formas de instalar e acomodar a experiência cristã, de retirar às palavras de Jesus a sua força profética de transformação, de cristalizar o Reino de Deus em estruturas simplesmente humanas que nos "endeusam" em vez de servir o projecto de amor de Cristo, são claramente provisórias. A fé em Jesus Cristo é dinâmica, anda de mão dada com a esperança e oferece generosamente actos de amor.

Caminhar implica despojamento, escolha do essencial, uma meta e uma companhia. E ainda que a meta não se vislumbre completamente, é bom saber com quem vamos, porque o caminho até se torna menos árduo se o fazemos com outros. Na decisão de Jesus há uma continuidade e uma ruptura: Jerusalém era a cidade santa onde era sempre maravilhoso poder ir, mas é também a cidade que rejeitou os profetas e a novidade da mensagem de Jesus vai confrontar-se com a lei empedernida dos judeus. Por isso não basta querer seguir Jesus, como desejam os do evangelho de hoje. É preciso revestir-se das suas atitudes de humildade e coragem. É necessário não buscar seguranças a não ser a de anunciar o amor libertador de Deus, de não ficar preso aos laços que impedem de abraçar o horizonte maior do Reino, de não estar voltado para o passado mas olhar para o futuro que Jesus sempre nos propõe. Não é verdade que muitos futuros não se concretizam porque nos agarramos demasiado ao passado? E quantas pessoas encerramos em julgamentos porque deixamos de confiar na esperança? Que diremos a Jesus, para quem o futuro de cada pessoa vale mais que todo o passado, e sempre enche de esperança o vazio que o mal produz?

Seguir Jesus não é algo solitário. É a derrota do individualismo, que pode gerar alguns heróis mas não é capaz de fazer nenhum santo. Com Ele aprendemos que só somos uns com os outros. Jesus não quis ser sem nós, Ele que é "com o Pai e o Espírito". Seguimo-l'O em comunidade, na imensa e rica diversidade de laços de comunhão que podemos sempre a criar (e às vezes também quebramos, mas não podem, a qualquer momento, ser religados?). O importante é não nos acomodarmos, quase como dizia Fernando Pessoa "sem que um sonho no erguer de asa / Faça até mais rubra a brasa / Da lareira a abandonar". Não caiamos na tentação de adaptar o evangelho a uma vida "assim-assim", talvez uma "meia-vida", que nunca enche o coração nem realiza o que somos. Dizia o Papa Francisco no Pentescostes passado: "Muitas vezes seguimo-Lo e acolhemo-Lo, mas até um certo ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões; temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes"."